DANIEL BUSTOS
( Bolívia )
Decano da Faculdade de Arquitetura da Universidade Simón.
Escreve em prosa e em verso composições de tipo vanguardista.
Autor de "La Prosa del Habitante". Foi membro do grupo "Gesta Bárbara".
TEXTO EN ESPAÑOL – TEXTO EM PORTUGUÊS
BEDREGAL, Yolanda. Antología de la poesia boliviana. La Paz: Editorial Los Amigos del Libro, 1977. 627 p. 13,5x19 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
VERSION ONIRICA
Al principio fue la voz reiterada de la marea en el aire nupcial que le hizo eco: "si no vienes me venderé al viento…".
Amante que subió al camión destartalado viajó como en jaula; el pensamiento columbraba la suerte que le depararía la vida con la mujer sumada a su destino.
Sucedió el cansancio entre tinieblas del túnel habitadas de grotescas sombras de cal y viento salobre.
Amo a Selma, y ella afirmaba haberle amado. Donosura magnética, juntaba su cuerpo tibio al cuerpo rudo, sus manos suaves a las más ásperas manos. Hubo venas donde la sangre corrió como agua de turbión en el verano.
El amante sintió asomar el deseo de perdurabilidad que rige todo acontecer humano y constató absorto su mundo interior de ausencias.
Selma se unió a otro. El se definió amante viudo ante el minuto nupcial. La pasión replegada designó a ella mujer desconocida; Selma, en represalia, le nominó olvidado. !Qué grado de falacia aparentaron las miradas!
Restaba recorrer caminos con huellas de vigía sombras que se situaron a invalidar las órbitas obstinadas hasta embarcar su espíritu en batelones del estrecho con navegantes aimaras.
Viejo dolor el dolor del hombre que de sístole a sístole viene de la alborada del mundo como buscando sosiego por el olvido, como a echar todo vestigio de recuerdos por la borda o la marea o a la lluvia que acosa como tristeza.
Quedaría así atrás la niebla densa, para inaugurar la vida sin pasado.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA
VERSÃO ONÍRICA
A princípio era la voz reiterada da maré no ar nupcial que lhe fez eco: "se não vens me venderei ao vento…".
Amante que subiu no caminhão em ruínas como numa jaula; o pensamento conjecturava a sorte que lhe depararia na vida com a mulher somada ao seu destino.
Aconteceu o cansaço entre as trevas do túnel habitadas por grotescas sombras de cal e vento salobre.
Amo a Selma, e ela afirmava eu tê-la amado. Garbo magnético, juntava seu corpo tíbio ao corpo rude, suas mãos suaves às mais ásperas mãos. Teve veias onde o sangue correu como água de turbidez no verão.
O amante sentiu assomar o desejo de durabilidade que rege todo acontecer humano e constatou absorto seu mundo interior de ausências.
Selma se uniu a outro. Ele se definiu amante viuvo no minuto nupcial. A paixão retraída designou-a a mulher desconhecida; Selma, em represália, denominou-o olvidado. Que grau de falácia aparentaram as miradas!
Restava recorrer caminhos com pegadas de vigía sombras que se situaram a invalidar as órbitas obstinadas até embarcar seu espírito en batelões do estreito com navegantes aimaras.
Velha dor a dor do homem que que de sístole a sístole vem da alvorada do mundo como buscando sossego pelo esquecimento, como a lançar todo vestígio de lembranças pela borda ou a maré ou a chuva que acossa como tristeza.
Ficava assim atrás a névoa densa, para inaugurar a vida sem passado.
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Página publicada em julho de 2022 |